I
O Inferno seria o HADES,
Sim, a habitação dos mortos;
Que são todos os confrades,
Sejam direitos ou tortos.
Não há lá conhecimento,
Nesse lugar tão profundo,
Nem sequer qualquer portento,
Semelhante a este mundo.
Os Padres incendiaram
O inferno com labaredas
E os seus «escravos» ficaram
Nessas palavras azedas.
Confundem inferno e fogo
E a mesma coisa não é;
E tal como um demagogo
Tentam enganar o Zé.
E gostam de atormentar
Esses leigos ignorantes,
P'ra depois os explorar
Tanto agora como dantes.
Inventaram o Purgatório,
Mais lógico parecia,
Esse «clero» é mui finório:
Enganava noite e dia.
Rezam missas e mais missas
E com muito ouro embolsado,
Apesar das injustiças
Que o clero tem praticado.
II
Satanás no céu se viu
Em guerra contra o Eterno.
P'ra onde é que ele caíu?!
P'ra terra e não p'r'ó inferno!
O inferno está na terra
Feito pelo nosso «clero»:
Uma realidade que encerra
Todo o coração sincero.
O val' de lágrimas é,
P''r'os «Padres» o Paraíso,
Quando se tem muita fé,
Com muito pouco juízo.
Fátima e peregrinar
É tudo muito infernal.
Vamos nós lá perguntar,
Se isso é bem ou se é mal.
Aquela linda Senhora
Os pastore não salvou;
Mas com sua voz sedutora
E sacrifício os matou.
Assim é a nossa terra
De malícias e enganos
Assim ela não prospera
Dos seus costumes insanos.
Isto é que é um «inferno»
Feito pela religião
Neste mundo tão moderno
E com medo do «PAPÃO»
O «PADRE» diz muita missa,
Com infinito valor!
Para quê tanta cobiça
Em vez de haver amor !
III
Se o valor é infinito
Basta apenas haver uma,
Pelo «pobre» e pelo «rico»
E também pelo que fuma!
Como o inferno é «eterno»
Criaram o «purgatório»,
Com este mundo moderno
Cheio de muito velório.
Purgatório, uma mina,
E que engorda os «abades»,
Mas o «povo» não atina,
Nem tão pouco os seus confrades.
Purgatório, Purgatório,
És uma grande ilusão,
Inventado p'lo finório:
Da boca te tira o pão.
Purgatório, Purgatório,
Um alimento do clero,
Inspiração do cibório,
Que lhe dá poder austero.
Inferno mais Purgatório
São duas minas douradas.
Pois o resto é irrisório
P'rá mente das «padralhadas».
O limbo também criaram,
Para a pobre criancinha.
Doutrinas que triunfaram
Em toda a mente mesquinha.
Assim nasceu uma crença,
Que não devia existir.
Mas o perdão da ofensa,
Acabou por sucumbir.